No meu ofício ou funesta arte
Exercitado em noite calma
Quando somente a lua assola
E os amantes estão na cama
Com a tristeza nos seus braços,
Trabalho cantando baixinho
Não pelo pão nem pela ambição,
Ostentação, troca de encantos
Sobre tablados de marfim
Mas pelo mais comum salário
Do mais secreto coração.
Não pra esse orgulho a parte
Longe da irada lua escrevo
Sobre esta página ainda em branco
Não para os mortos que se empilham
Com os seus rouxinóis e salmos
Mas para amantes, com seus braços
Em volta às tristezas da idade,
Que não dão prêmios nem salários
Nem na minha arte ou ofício atentam.
(Tradução de Laurênio Lima)
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Transcrito do livro CANTOS DA OUTRA AMÉRICA,
de Laurênio Lima - Edições Pirata, Recife, PE, 1988.
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