SÃO PAULO, 466 ANOS : LEMBRANÇA POÉTICA (2)






POETAS DA CIDADE  
- São Paulo - 
Antologia Paulistana / 1970  
(Folha de rosto) 


Renzo Mazzone 
(Itália / Brasil) 

"Esta antologia de poetas da cidade não pretende captar a poesia especificamente urbana daqueles que escrevem sobre São Paulo. É, antes, a antologia daqueles que, vivendo em São Paulo, escrevem.  Poetas da cidade em que trabalham, amam, atuam. Aqueles que, na corrida do dia-a-dia, param e afinam-se com o que estão sentindo. E o que dizem.
(...)
Os poetas da cidade : homens e mulheres que, isolados embora em seus mundos particulares, têm de comum esse dom de humanizar todas as coisas, tornando-as mais próximas, mais cálidas e fraternas.  Sobretudo, poéticas."  
(UMA CONVERSA EM FORMA DE PREFÁCIO, fragmentos)


Alberto Beutten-Muller
(São Paulo, SP)

"a estrada 
está lá
nos olhando 
apaixonada 
perdida 
como nossas propostas 
como nossas respostas 
nessa cidade assassinada 
na verde verdade 
da primavera" 
(A ESTRADA, fragmento) 


Márcia Cardoso dos Santos  
(São Paulo, SP) 

"Hoje uma cidade inteira 
cresce 
e se apaga 
e entristece sob seu olhar. 
Onde foi a menina da vila, a menina alegre, 
a algazarra da infância que corria 
mais que o vento ?
Onde foi ? 
Não... Não há mais vila 
nem mais menina..." 
(NEM A VILA, fragmento) 



Juarez B. Correia 
(Palmares, PE) 

"Existe a manhã 
sem diferença das outras manhãs. 
As pessoas 
completam de vário modo 
um movimento perpétuo 
sem perceberem às vezes sua presença complexa. 
São envolvidas 
por forças desconhecidas 
sem reconhecerem seu próprio sacrifício.  
Conhecem os corpos 
frágeis 
conduzidos no mesmo ritual." 
(CRÔNICA SOBRE A CIDADE MAIOR, fragmento) 



Eduardo de Oliveira 
(São Paulo, SP)

"Em meio à multidão tudo se arrasta  
como um mundo pesado de descrença 
em que apenas a dor, em vão, se alastra  

e se projeta além de cada estrela, 
como se a nossa vida, ainda que imensa, 
fosse estreita demais para detê-la." 
(SOLIDÃO - SOLIDÃO, fragmento) 



Walter José Faé 
(Corumbataí, SP) 

"São Paulo-perdido-encontro
renasço e morro-diuturno
em milênios-solidões 
eis-me em silêncio-oferenda ! 

São Paulo-paulistanamente  
por ti meu amor-é-mar !"  
(CANTO DE AMOR A SÃO PAULO, fragmento)  


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Textos transcritos da antologia paulistana  
POETAS DA CIDADE - SÃO PAULO, 2 / 
Organização de Renzo Mazzone  
(Editora I.L.A. Palma - 
Palermo, Italia / São Paulo, Brasil, 1970) 

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