A "REPÚBLICA" DA VILA ALPINA (Santo André - SP)

 





Rua Santo Hélio (sem saída). Depois da casa com 

o protetor vermelho (à direita), em uma das três 

casas seguintes, vivia a nossa "República" (Foto 1). 

Em frente, na Rua Estér, existia o Cine Art 

(aqui está a fachada atual do antigo cinema da Vila Alpina) / 

Foto 2 (Reproduções do Google Imagens) 


          No batente cotidiano do "Diário do Grande ABC", trabalhando na revisão ao lado de  Orlando - um funcionário da Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul -, Samadello e Borges, e, depois, Mário Polesi, irmão do diretor de redação Fausto Polesi, resolvi residir em Santo André.  Primeiro, numa pensão barata, ao lado da Estação Ferroviária da cidade.  Depois, na residência de Bueno, que trabalhava na agência do Banco do Brasil, de Santo André, ao lado de Samadello, e que dividia a residência com duas irmãs dele, professoras, na mesma rua do jornal, no final da Rua Catequese.  E, em seguida, por sugestão do próprio Bueno, que conhecia o pessoal, colegas da mesma agência bancária, fui morar numa "república", em uma rua sem saída da Vila Alpina, em frente ao cinema do bairro.  A "república" ficava bem próxima da Rua Catequese, eu podia ir para o "Diário" e voltar a pé.   

          Fui morar com José Luiz, um paranaense, e Liberalino, um potiguar.  "Nordestino como tu", brincava José Luiz.  Tudo certo : despesas, cuidados da casa, comida na hora certa, cada um com o seu espaço, de igual para igual, tudo dividido entre os três moradores da "república".  A casa tinha dois quartos. José Luiz e Liberalino já ocupavam o maior, e eu, sozinho, fiquei com o outro, um pouco menor. 

          Nesse tempo,  além do trabalho na revisão, eu publicava, no "Diário do Grande ABC",  uma coluna diária - REGISTO -, assinada com o meu nome - Juarez B. Correia -  e divulgava, na medida do possível, literatura, teatro, música, artes plásticas, cinema, televisão, com reprodução de textos, comentários, anotações críticas...   A coluna ocupava pouco espaço em uma página do jornal, mas era movimentada, destacando, sobretudo, a produção cultural local.  Mantive, a cada semana, durante os 5 meses de publicação da coluna REGISTO, a divulgação de todos os poetas reunidos nas antologias POETAS DA CIDADE  - SÃO PAULO (números 1 e 2), organizadas pelo poeta e editor ítalo-brasileiro Renzo Mazzone (Editora ILA Palma); e também, sempre aos domingos, publicava uma crônica de minha autoria sobre o cotidiano que eu vivenciava na cidade... 

          Com algum dinheiro economizado, publiquei então, em edição do autor, o meu primeiro livro de poesia : um volume de 70 páginas, com 31 poemas, inéditos e alguns já divulgados nas antologias paulistanas, sem título (apenas o meu nome na capa toda branca).  O livro foi impresso nas oficinas da Editora Cupolo (São Paulo - SP).  O ano era de 1971 e eu levei para a casa da "república" os mil exemplares impressos.   De lá, distribuiria nas livrarias locais e em pequenos lançamentos nas escolas e nos espaços culturais de São Paulo, Santo André e São Caetano do Sul... 


(Texto do livro inédito PEQUENAS HISTÓRIAS REAIS) 

Comentários

Sandra Paro disse…
Mais que um sonhador, um labutador
....
Anônimo disse…
Incansável, desde esse tempo até hoje.
Parabéns, Juareiz, por persistir sempre!
Dalila Teles Veras disse…
Que interessante este seu texto, Juareiz que acrescenta informações que eu, moradora da cidade há 48 anos, não sabia, como por exemplo, a existência um cinema na rua Ester. Quanto à rua Santo Hélio, até o início da pandemia funcionou, mais recentemente, um restaurante muito bom que chegamos a frequentar. Cheguei aqui em 1972 e te conheci na UBE, se bem me lembro, na UBE. Noutro século, noutro milênio. Grande abraço e parabéns pela iniciativa das lembranças.