BIU ALFAIATE, MEU PAI

 



PRAÇA DA LUZ, 1710 (PALMARES, 1978) : Mestre Biu, no centro da foto (de boné e seu copo de cerveja à mão). E, da esquerda para a direita : Marinalva (irmã), Solange (companheira, mãe de José Terra, sentado na perna esquerda de Marly, irmã mais nova), Mãe Carminha, uma cunhada de Jamilton (irmão); depois de Mestre Biu, este escrevinhador, o fotógrafo Givanilton Mendes (amigo), e, sentados, o meu primo Mário e sua esposa Zita. 


Meu pai alfaiatava (o verbo existe!) tudo. Era um  mestre.  Por isso os conhecidos  e amigos assim o tratavam : Mestre Biu. Em  geral, era "Biu Alfaiate" para todos. Lá em casa,  Biu, Pai Biu...  Eu, com  a minha juventude nas estradas da vida, quando me dirigia a ele, de viva voz, ou por escrito, gostava de tratá-lo como "Mestre Biu" apenas, simples assim, o que poderia até soar irônico mas era o meu jeito de respeitá-lo. Eu já sabia, mesmo inconscientemente, que ele era Mestre mesmo, para além da sua arte de alfaiatar... 

Já contei, em outras páginas deste livro, e em narrativas ficcionais, episódios da sua atividade profissional,  da sua vida boêmia, das suas aventuras (mesmo depois de casado e pai de família de 2 filhos e 4 filhas...), do alagoano José Benedito Correia, que chegou de Porto Calvo para viver, desde a sua juventude, em Palmares, ainda no final da década de 1940... Nesta cidade, trabalhou por muitos anos na Alfaiataria Santos, de Oscar Santos (vizinha da Sorveteria Estrela, da família Sá Barreto), na rua Fausto Figueiredo,  área central da cidade.  Depois, em  casa, na rua da Aurora e na Praça da Luz, também área central de Palmares, se tornou um alfaiate autônomo, sonhando (e todos em casa sonhamos juntos...) com a sua alfaiataria própria.  Mas ele não tinha tino empresarial  e, até com algum dinheiro, não soube empreender o seu próprio negócio. Na Praça da Luz, Mestre Biu e sua companheira, Mãe Carminha, além de pais dos seus filhos  e filhas, foram também um pai e uma mãe para os 7 netos que lá viveram e com eles conviveram... Um pai e uma mãe de verdade são, naturalmente, expressão  viva de humanidade. Isto eles souberam ser. 

Mestre Biu Alfaiate, meu pai, nascido em Porto Calvo (AL), no dia 18 de dezembro de 1926, e falecido, em Palmares (PE), no dia 19 de maio de 1999, completaria, neste ano de 2021, 95 anos de idade.  Está vivo em cada lembrança, palavra ou frase que pronunciamos com o seu nome.  

(Recife, 18 de dezembro 2021 / 

Crônica do livro inédito 

"Pequenas Histórias Reais") 

  


 


Comentários

Sandra Paro disse…
salve, Mestre Biu, tão vivo através dos seus bons frutos.... salve, salve sua vida que segue ....