POESIA DE JUAREIZ CORREYA NA REVISTA "CONTINENTE"

LIMITES URBANOS


A insegurança bate à tua porta
Como uma venda lotérica
Um anúncio de jornal
Ou um pedido de pão.

A rua te assalta
Com postes acesos
À luz do dia
E as casas não te encontram
Portas não te abraçam
Janelas não te vêem.

Ônibus e carros buzinam
Estragos desenfreados
Sobre os nervos do teu medo.

Estás só como ninguém
Crucificado na paisagem
Desaparecido na vertigem
Do passeio da tua casa à cidade
Sozinho como uma multidão cega
Perdido no teu próprio sequestro
Sem resgates ou exigências
Como um número que não conta
Um nome que não existe.




UMA MULHER MADURA


Uma mulher madura
É uma mulher inteira.
Mais certa. Mais ela mesma.
Não é fruta, só macia carne,
Promessa de fantasia;
É um corpo na medida
De vida mais verdadeira.
Uma mulher madura
Não olha apenas, vê;
Não fala apenas, diz;
Não nega nunca um sim
E sabe sempre ser.
Uma mulher madura
Não quer ser a ideal
Ou a qualquer mulher igual :
Sabe que é essencial.
Uma mulher madura
Completa o homem no mundo
E quando o corpo desnuda
Dá alma à própria Vida
E é o princípio de tudo.


(do livro inédito POEMAS DO NOVO SÉCULO).

Publicação da Revista CONTINENTE MULTICULTURAL /
CEPE - Companhia Editora de Pernambuco,
Recife, julho / 2008.

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