"A PALAVRA DE HERMILO" EM PORTO ALEGRE

Com a reunião de 19 entrevistas concedidas pelo escritor pernambucano Hermilo Borba Filho a revistas e jornais brasileiros, a um jornal português e ao SNT - Serviço Nacional doTeatro, de 1947 a 1976, o livro A PALAVRA DE HERMILO, publicado pela Companhia Editora de Pernambuco-CEPE, em 2007, "é um documento jornalístico que mantém e atualiza a lúcida opinião de um dos escritores brasileiros mais talentosos e prolíficos da segunda metade do Século 20", afirma Juareiz Correya, organizador da obra ao lado de Leda Alves, viúva do escritor. A publicação será um dos primeiros lançamentos realizados pelo Estado de Pernambuco, homenageado, na 54a. Feira do Livro de Porto Alegre, que ocorre na capital gaúcha do dia 31 deste mês ao dia 16 de novembro.
O lançamento do livro A PALAVRA DE HERMILO , domingo, dia 2 de novembro, a partir das 18h30m, será feito junto com dois livros de arte, organizados por Paulo Bruscky, também publicados pela CEPE, e com o livro PAULO BRUSCKY - ARTE, ARQUIVO E UTOPIA, de Cristina Freire. Coordenado pela CEPE, com o apoio da FUNDARPE e da Companhia de Eventos,
será montado um estande especial, para a amostragem da produção literária e editorial do Estado de Pernambuco, com mais de 300 títulos de 13 editoras pernambucanas e ainda serão promovidos lançamentos de livros de duas dezenas de escritores do Estado na Praça de Autógrafos da feira gaúcha.
Prefaciado pelo jornalista Ricardo Noblat, o livro A PALAVRA DE HERMILO é apresentado como um motivo para que seja celebrado um homem "raro, complexo e essencialmente simples, que dizia amar a Deus e respeitar o Diabo", enfatiza Noblat. "Sua obra-prima foi a tetralogia Um Cavalheiro da Segunda Decadência. E seu último romance, AGÁ (1974) , foi o primeiro na história da literatura brasileira a se valer de quadrinhos para contar parte da trama. Foi um visionário", afirma o prefaciador.
Hermilo Borba Filho contou tudo o que sabia e vivia nas suas entrevistas concedidas aos jornais recifenses Jornal Pequeno, Diário da Noite, Jornal do Commercio, Diário de Pernambuco, e Jornal da Semana, aos jornais paulistas A Gazeta, Movimento, ao jornal carioca O Globo, às revistas Ele Ela e Veja e ao jornal português Diário de Lisboa.
O livro preserva e transmite a palavra emocionada, plena de humanidade, de um escritor que foi, com uma coragem exemplar, um artista comprometido com o homem do seu tempo, como ele afirma na sua entrevista, dias antes de sua morte, no Recife, concedida ao jornal O Globo (Rio de Janeiro, junho de 1976) :
"Chegou um momento em que tive de optar e reconhecer que, para mim, chegara a aposentadoria de muitas coisas. Claro que, a princípio, estrebuchei como um desgraçado, mas, aos poucos, numa dura e longa aprendizagem de quatro anos, fui descobrindo coisas formidáveis : a manutenção do amor, o sentido profissional de minha arte, o gosto pelas coisas simples, o papo com os amigos, a ajuda aos jovens. Minha saúde me dá forças para rir, gargalhar, até mesmo ficar alegre neste asfixiante mundo em que estamos. Sabe por quê ? Porque viver, de qualquer maneira, é fantástico."

Comentários