A PALAVRA "AMERICANTO"

Morando em São Paulo, escrevi, no ano de 1972, um poema então intitulado "Tributo à Geração Beat". Eu tinha exatos 21 anos de idade.
Voltei a Palmares (PE), minha cidade natal, no início de 1973, e, publiquei no Recife, em 1975, um livreto com o título AMERICANTO AMAR AMÉRICA & OUTROS POEMAS. Ao organizar os textos para a publicação desse livreto, li e reli o poema paulistano, percebi que havia criado um canto de amor com a América, repensei o título, inventei a palavra Americanto e completei, com Amar América um título novo que sintetizava bem e melhor definia o meu poema escrito inicialmente com o título "Tributo à Geração Beat".
Anos depois o livreiro e amigo Tarcísio Pereira, da Livro 7, do Recife, me presenteou com um belo exemplar do livro CANTO GERAL, de Pablo Neruda, publicado no Brasil, em 1973, pela carioca Editora Record. Conheci então o monumental poema do gigante chileno e fiquei chapado com o que li : na abertura do livro, um pequeno poema intitulado "Amor América".
Ainda no Recife publiquei, no ano de 1982, o livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA (Nordestal Editora ), reunindo a minha poesia publicada e inédita até então. E, uma década depois, com a quadrinização do poema criada pelo desenhista pernambucano Roberto Portella, publiquei o álbum Americanto Amar América (Edições Bagaço / Nordestal Editora, Recife, 1993).
No ano de 2007 participei, na III FLIPORTO - Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas (Ipojuca, PE), a convite da poetisa Lucila Nogueira, de uma "roda de poesia latino-americana", ao lado de poetas argentinos, uruguaios, chilenos, cubanos, porto-riquenhos, equatorianos, venezuelanos, peruanos, bolivianos e outros brasileiros, e relancei, impresso em jornal de 4 páginas (papel cuchê, formato 21 x 30 cm), o poema Americanto.
Já constatei, na Internet, em pesquisa no Google, que a palavra "Americanto" existe no Rio Grande do Sul (é nome de um bar, de um grupo de música folclórica, de um blog, de um site da "Americanto Editora e Produtora Cultural-Latino Americana" e de um "Festival Musicanto Sul-Americano de Nativismo"), em Santa Catarina ("Trio Americanto", de Itajaí), em São Paulo ("Americanto", programa ao vivo da TV Integracion, online), na Argentina (batismo de um "Coro Americanto", do "Duo Americanto", do "Festival de Música Americanto", em Mendoza, que existe desde 1984, e título da antologia "Americanto", série de autores americanos, da El Editor Interamericano, Buenos Aires, 1988), no Peru (grupo musical "Latino Americanto", "El Festival Americanto", o site "Americantos - Cantos y Melodias de América", um Coro de Câmara "Americanto"), no Chile ("Americanto", site sobre música chilena de raiz, e programa de música folclórica chilena transmitido pela Rádio Nuevo Mundo), na Bolívia (onde existe um grupo musical "Americanto"), no México ("El Grupo Americanto", de música andina, em Puebla), nos Estados Unidos (um site sobre imigração denominado "Americanto.com", um coral "Americanto", de Nova Jersey) e até na França ("Choeur Americanto", de Auvergne, com o site http://americanto.ifrance.com)
Continuando no Google : qualquer internauta pode constatar mais de 74 mil registros sobre a palavra AMERICANTO.
Não digo que essas manifestações e realizações artísticas foram criadas a partir do meu poema (embora todas as denominações citadas tenham data de origem posterior a da gênese do meu Americanto, assim publicado em 1975), mas não posso deixar de registrar a força agregadora e tão bem identificada com a alma latino-americana desse neologismo que eu criei, solitariamente, há 34 anos, no Recife, apenas a partir da idéia de fundir as palavras América e Canto para intitular o meu poema. O que a palavra AMERICANTO passou a ser, anos depois, em outras cabeças e corações do meu País e de outros países já é outra história...

JUAREIZ CORREYA
(Santo Amaro, Recife, 2009).

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