´Torpedo de Poesia, Instantâneos poéticos na FLIPORTO

Tiago Faria

Um vídeo de poucos minutos via celular pode não irritar os olhos. Mas o que dizer de um romance criado exclusivamente para telefones móveis ? No Japão, a tecnologia virou moda. No Brasil, há concursos que exploram essa possibilidade de criação. Pelo segundo ano consecutivo, a Festa Literária de Porto de Galinhas (FLIPORTO) abre inscrições para contos ou poemas de até 160 caracteres. Ano passado, 320 pessoas concorreram ao prêmio de R$ 3 mil.
"É totalmente possível encontrar textos interessantes. São escritores jovens, não temos pretensão de atrair veteranos. Queremos motivar a literatura. Queremos que ela esteja em todos os lugares", afirma Cláudia Cordeiro, coordenadora da Fliporto Digital. O time de jurados leva em conta o uso de recursos literários e o bom uso da língua portuguesa. "Os erros ainda são frequentes. Acaba que, em primeiro plano, levamos em conta a correção do texto", afirma.
Em 2008, o escritor perambucano Marcelino Freire foi convidado para organizar um concurso de minicontos desenvolvido pelo SESI em São Paulo. Diariamente, no período de um mês, 2 mil pessoas cadastradas recebiam os textos via torpedo de celular . "É um texto conciso e que, por isso, se adequa bem às novas mídias", comenta.


INSTANTÂNEOS POÉTICOS

Vencedores da primeira edição
do Prêmio Nacional de Literatura no Celular

Reencontrei o vento
Renasceu do sol, límpido, sereno.
Passou pelo meu corpo e pensamento
Varreu meu coração com amor.
Veio o arco-íris, levou embora a dor.
(MALU LIMA, Recife, PE)

Não é verdade a poesia
porque é bela.
A poesia é bela
porque é verdade.
(JUAREIZ CORREYA, Recife, PE )

Meu tempo valsa Chopin em ré bemol maior
Sessenta aniversários e o presente da dor
Mas um sol acende a alma : tempo de dançar com as estrelas.
(MARIA NAZARÉ DE CARVALHO LAROCA,
Juiz de Fora, MG).

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Transcrito da edição online
do jornal CORREIO BRAZILIENSE
(http://correiobraziliense.com.br,
de 19/setembro/2009).


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