NATAL E PALMARES

Publiquei, na Revista da Academia Norte Rio-Grandense de Letras (Natal, RN, 2005), dirigida pelo poeta, contista e memorialista Manoel Onofre Jr., o artigo NATAL E PALMARES, ressaltando as correspondências, coincidências, relações culturais e históricas, verdadeiros laços de amizade que as duas cidades estabeleceram ao longo de todo o Século 20. O próprio Manoel Onofre Jr. me ofereceu dados importantíssimos, que eu fiz questão questão de publicar no artigo, enriquecendo-o, tendo em vista que as suas informações confirmavam a notável presença de palmarenses em Natal e de potiguares na "terra dos poetas" da Mata Sul pernambucana. Encerrei o artigo transcrevendo este trecho destacado de comentário de um jornalista local publicado, em 19/agosto /2003, em periódico do Recife :
"Embora o governo que lançou, ontem, seu programa de recuperação de quase 10 mil quilômetros de estradas esteja falando na duplicação da BR-101 no trecho Salvador (BA) - Natal (RN), convém lembrar que hoje, no Ministério dos Transportes, só existe este projeto para o trecho Natal até Palmares (PE), ainda assim dependente de autorização para a conclusão de licitação para o projeto de engenharia (...) A duplicação entre Natal e Palmares reduziria o tempo de ligação entre os três Estados... (grifo meu)
A leitura, em setembro deste ano, da excelente reportagem publicada pelo DIARIO DE PERNAMBUCO - "Caminhos da BR-101" -, em várias partes, durante uma semana, confirmou e me fez ver a concretização de tudo isso. Mais sólidas e agora comprometidas com o futuro dos três Estados intimamente ligados pelo Corredor Nordeste (Rio Grande do Norte-Paraíba-Pernambuco), as relações entre Natal e Palmares têm boas histórias, vividas desde os tempos de Murillo La Greca, Ascenso Ferreira e Hermilo Borba Filho.
No lançamento da primeira edição do meu livro ASCENSO, O NORDESTE EM CARNE E OSSO, em Natal, no ano de 1998, na Academia Norte Rio-Grandense de Letras, o poeta e pintor Dorian Gray Caldas me procurou para fazer uma revelação : o pintor palmarense Murillo La Greca era, segundo suas pesquisas, uma presença pioneira na história das artes plásticas do Rio Grande do Norte. Eu não sabia. E, em companhia de Manoel Onofre Jr. e do poeta e dramaturgo Racine Santos, lembramos as figuras do poeta Ascenso Ferreira e do dramaturgo, diretor teatral e romancista Hermilo Borba Filho, também palmarenses, que haviam trilhado caminho idêntico ao de Murillo La Greca : nasceram na cidade pernambucana de Palmares, se projetaram no Recife e participaram da vida das artes plásticas, da poesia e do teatro da cidade de Natal em décadas distintas do Século 20. Está mais do que provado na documentação existente sobre o relacionamento de Murillo La Greca com os artistas natalenses, na década de 20, de Ascenso Ferreira com Câmara Cascudo e Veríssimo de Melo, nas décadas de 40 e 50,
e de Hermilo Borba Filho com o grupo do Teatro Escola de Natal e com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na implantação do Curso de Teatro, na década de 60.
Histórias que desconhecemos e outras histórias que nascerão com as conexões diretas entre as duas cidades, por meio do Corredor Nordeste, vão iluminar o nosso imaginário, no futuro, e exigir dos cronistas, contistas, memorialistas e poetas nordestinos mais compromisso com a humanidade desta região em sua nova geografia.

Juareiz Correya
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Artigo publicado na página Opinião / DIARIO DE PERNAMBUCO
(Recife, sexta-feira, 20 de novembro de 2009)

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