A FRATERNIDADE POÉTICA DE DOM HELDER CAMARA E CARLOS PENA FILHO

"Eles nunca se encontraram em vida. Se encontraram nos poemas de Pena, como o chamavam os seus amigos mais queridos. Se encontraram na paixão pelo Recife, por Olinda e por aqueles que nas suas ruas trafegam ou vivem, sofrem ou se divertem. Se encontraram no azul, que era a cor predileta do poeta e com a qual ele coloriu muitos de seus versos e sonetos. No azul do manto de Maria, uma das devoções de Dom Helder", afirma Bruno Ribeiro, diretor executivo do IDHeC - Instituto Dom Helder Camara, na apresentação do livro ENTRELINHAS, de Dom Helder Camara e Carlos Pena Filho, livro de quatro mãos, quarenta, quatrocentas, quarenta mil mãos fraternas...
Aos versos de Carlos Pena Filho, publicados no Recife em 1959, uniram-se os versos de Dom Helder Camara, escritos no Recife em 1970; o sagrado carinho de Christina Ribeiro, colaboradora e amiga do Arcebispo de Olinda e Recife, que preservou o exemplar-matriz do LIVRO GERAL, de Carlos Pena Filho; a generosidade de Tânia Carneiro Leão, que cedeu ao IDHeC os direitos de edição dos poemas selecionados do "poeta do azul"; a palavra crítica de Leonardo Boff ("Todos os escritos de Dom Helder vêm perpassados de aura poética. Aqui reunem-se pequenos poemas que se entendem como contrapartida das poesias de outro grande poeta, o pernambucano, precocemente falecido, Carlos Pena Filho"); o poema em prosa de Marcus Accioly ("O Recife sofre uma espécie de nostalgia de Carlos Pena Filho. Ele foi o seu grande poeta e maior seria se - à Shelley - "tivesse tempo". Morreu com 31 anos e legou o seu azul à cidade. Amei tardio a sua obra e - como quem ama a poesia ama o poeta e vice-versa - passei a procurar o seu fantasma que devia andar pelo Recife e não seria impossível encontrá-lo"); a visão/versão dos artístas plásticos Francisco Brennand, José Cláudio, Abelardo da Hora, Romero de Andrade Lima, Luciano Pinheiro, Guita Charifker, Margot Monteiro, Tereza Costa Rego, George Barbosa, Tânia Carneiro Leão, Gil Vicente, Gilvan Samico, que ilustram os poemas; o refinado projeto gráfico de Ricardo Melo; os irretocáveis retratos dos artistas plásticos desenhados por Zenival; o contagiante entusiasmo de Leda Alves, empenhando a CEPE em todo o projeto editorial; a admirável produção gráfica, crédito da competência profissional dos funcionários da Editora.
ENTRELINHAS, um livro repleto de fraternidade poética e solidariedade pernambucana, coeditado pelo IDHeC e CEPE/Secretaria da Casa Civil /Governo de Pernambuco, em parceria com a FUNDARPE/Secretaria de Educação do Estado, foi lançado ontem, dia 1o. de dezembro, às 19 horas, no Museu do Estado (Av. Rui Barbosa, 660, Graças, Recife, PE), como parte das homenagens do Governo de Pernambuco ao Centenário de Nascimento de Dom Helder Camara.
Na próxima postagem publicaremos poemas de Dom Helder Camara criados sobre os poemas "Memórias do Boi Serapião", "Fazenda Nova" e "A solidão e sua porta", de Carlos Pena Filho.

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