AOS MESTRES, COM DESRESPEITO
Dizem que meu povo
é alegre e pacífico.
Eu digo que meu povo
é uma grande força insultada.
Dizem que meu povo
aprendeu com as argilas
e os bons senhores de engenho
a conhecer seu lugar.
Eu digo que meu povo
deve ser respeitado
como qualquer ânsia desconhecida
da natureza.
Dizem que meu povo
não sabe escovar-se
nem escolher seu destino.
Eu digo que meu povo
é uma pedra inflamada
rolando e crescendo
do interior para o mar.
.......................................
DE UM PROFETA LATINO-AMERICANO
Preparem os corpos
para os desertos
que vão ser bem longos
e não merecidos.
Nem as crianças sabem
de onde vem o fogo
mas o fogo vem.
Se os homens de boa vontade
não têm boas armas,
os homens de boas armas
não têm boa vontade.
Agora, apenas
a normalidade repetida
já será a destruição.
............................
RITUAL DO ESPANCAMENTO
Espancado para aprender
a espancar
e ser espancado,
espancado em nome de Deus
ou de um jarro quebrado,
espancado para falar
e calar
o próprio espancamento.
Espancado para aprender
que os homens aprendem
espancando e sendo espancados,
espancado para dizer
que não foi espancado,
espancado para morrer
pensando que o mundo
está povoado
de espancados que espancam
e espancadores espancados.
.................................
NOS QUINTAIS, DEPOIS DOS QUARTÉIS
Os uniformes de guerra
estão lavados
com o sabão da terra
e as alfazemas
das moças pardas :
estão secando
desde o último sol
na memória do povo,
e não devem mais
contra ele
ser vestidos de novo.
(Revista POESIA - PRA VIVER A VIDA,
Número 1, Recife, abril, 1980)
__________________________________________
ALBERTO CUNHA MELO nasceu em Jaboatão dos
Guararapes (PE)no ano de 1942. Além de
publicações esparsas em jornais e revistas
pernambucanos, tem editados os seguintes
livros : CÍRCULO CÓSMICO, ORAÇÃO PELO
POEMA, PUBLICAÇÃO DO CORPO, DEZ POEMAS
POLÍTICOS, NOTICIÁRIO. Os poemas publicados
nesta revista são do livro DEZ POEMAS
POLÍTICOS (Edições Pirata, Recife, 1979).
Dizem que meu povo
é alegre e pacífico.
Eu digo que meu povo
é uma grande força insultada.
Dizem que meu povo
aprendeu com as argilas
e os bons senhores de engenho
a conhecer seu lugar.
Eu digo que meu povo
deve ser respeitado
como qualquer ânsia desconhecida
da natureza.
Dizem que meu povo
não sabe escovar-se
nem escolher seu destino.
Eu digo que meu povo
é uma pedra inflamada
rolando e crescendo
do interior para o mar.
.......................................
DE UM PROFETA LATINO-AMERICANO
Preparem os corpos
para os desertos
que vão ser bem longos
e não merecidos.
Nem as crianças sabem
de onde vem o fogo
mas o fogo vem.
Se os homens de boa vontade
não têm boas armas,
os homens de boas armas
não têm boa vontade.
Agora, apenas
a normalidade repetida
já será a destruição.
............................
RITUAL DO ESPANCAMENTO
Espancado para aprender
a espancar
e ser espancado,
espancado em nome de Deus
ou de um jarro quebrado,
espancado para falar
e calar
o próprio espancamento.
Espancado para aprender
que os homens aprendem
espancando e sendo espancados,
espancado para dizer
que não foi espancado,
espancado para morrer
pensando que o mundo
está povoado
de espancados que espancam
e espancadores espancados.
.................................
NOS QUINTAIS, DEPOIS DOS QUARTÉIS
Os uniformes de guerra
estão lavados
com o sabão da terra
e as alfazemas
das moças pardas :
estão secando
desde o último sol
na memória do povo,
e não devem mais
contra ele
ser vestidos de novo.
(Revista POESIA - PRA VIVER A VIDA,
Número 1, Recife, abril, 1980)
__________________________________________
ALBERTO CUNHA MELO nasceu em Jaboatão dos
Guararapes (PE)no ano de 1942. Além de
publicações esparsas em jornais e revistas
pernambucanos, tem editados os seguintes
livros : CÍRCULO CÓSMICO, ORAÇÃO PELO
POEMA, PUBLICAÇÃO DO CORPO, DEZ POEMAS
POLÍTICOS, NOTICIÁRIO. Os poemas publicados
nesta revista são do livro DEZ POEMAS
POLÍTICOS (Edições Pirata, Recife, 1979).
Comentários