O RECIFE VIVERÁ

"ONG dinamarquesa coloca a capital
entre os 100 locais a serem visitados
antes que desapareçam"
(Vida Urbana / DIARIO DE PERNAMBUCO,
Recife,27/dezembro / 2009)




Nascida das águas
na voragem do Atlântico
a cidade desaparecerá,
alardeiam cientistas do Mundo.
A morte anunciada,
sepultada pelas águas
como um versículo do Gênesis,
é de um futuro perto :
nas próximas décadas deste século
o Recife será
a primeira cidade brasileira a desaparecer
junto com cidades-irmãs de destino e desgraça
de mais de 20 países da América,
Europa, Ásia e África.


A cidade vive indiferente à tragédia
da sua própria história :
tem tragédias todos os dias
no seu cotidiano nordestino.
A cidade vive além do drama
dos governantes funcionários públicos
plantonistas das rádios TVs jornais e
da Internet tentacular :
365 sóis do seu céu sangram indigentes
na paisagem das ruas pontes e avenidas.
A cidade vive à vontade a sua comédia
que não é teatro nem circo,
a comédia da capital sem capital,
rica sem dinheiro
driblando a miséria
como um prêmio lotérico
certa de que é
o melhor destino humano na Terra.


A cidade é mãe da Poesia
e vive parindo poetas em série
com uma febre de produção fabril.
Sua Música é única e intraduzível
em todos os cantos do planeta.
E não há cores mais intensas
traços mais perfeitos e esculturais
do que os quadros murais objetos da sua Arte
ao ar livre dos espaços públicos.


Abaixo do nível do mar
o Recife edificou-se
e vive elevado sua dimensão terrena.
O Recife não é uma ilha,
um peixe na praia,
um sonho atlântico :
o Recife é a parte mais viva
do continente pernambucano,
a sua cidade lendária e eterna.
O Recife viverá !



JUAREIZ CORREYA

(Recife, janeiro / 2010)

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(Transcrito do blog JORNAL DO JUAREIZ
- http://blig.ig.com.br/juareizcorreya)

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