UM POETA COM OS PÉS NO CHÃO, de Pelópidas Soares

Apresenta-se um jovem do seu tempo, envergando jeans desbotados, blusão aberto ao peito, os cabelos soltos ou presos por uma fitinha. Começa a falar, as terras banhadas pelo Una e Pirangi saltam, em relevo, como um mapa tridimensionado : toda a força telúrica da região, o massapê generoso da Mata Sul, que já plasmou Ascenso Ferreira, Hermilo Borba Filho e Jayme Griz, ressaltam das suas palavras.

A sua poesia carrega a angústia da fase transitória de sua geração que aguenta o peso da tragédia dos nossos dias prenhes de incertezas. Geração que fecha as portas de um passado e abre as portas para um futuro, em que o homem, o mais adaptável dos animais, vencerá, afinal ! Mesmo que tenha de erguer-se do caos.

Dentro do seu jeito extravagante, Juareiz Correya é um homem sério. Mais do que muitos executivos rodeados de secretárias e telefones. Telefones que se comunicam apenas com o vazio.

Tenho muita fé neste jovem poeta : saco nele como quem faz um investimento a curto prazo.


(Catende, 1975)

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Apresentação do livreto
AMERICANTO AMAR AMÉRICA & OUTROS POEMAS,
de Juareiz Correya (Nordestal, Recife, 1975)

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