PAULO AZEVEDO CHAVES : AGRADECIMENTO E INFÂNCIA (com Ascenso Ferreira)





"Grato por transcrever meu comentário sobre AMERICANTO... em seu blog e também pelo site com boas informações sobre o panorama literário local.
Ascenso Ferreira é um velho conhecido. Em minhas vagas lembranças da infância eu o revejo corpulento, rosto achatado e moreno, vestindo terno branco, um grande chapéu de abas largas na cabeça. A grande maioria dos amigos de meu pai, Antiógenes Chaves, era formada por intelectuais e escritores e entre eles Ascenso comparecia à nossa casa, embora muito raramente. Na Casa Azul ocorriam verdadeiras tertúlias literárias em que os papos alegres e inteligentes eram sempre regados por bons uísques. Gilberto Freyre, Sylvio Rabelo e Olívio Montenegro estavam entre os frequentadores da Casa Azul. E mais raramente José Lins do Rego.
No primeiro andar, meu pai tinha uma grande biblioteca em que edições de luxo, em papel pardo, dos livros de Ascenso Ferreira, tinham um lugar de destaque. Menino ou na adolescência, eu os folheava encantado pelos versos imbuídos de sabedoria própria e popular, impregnados de nordestinidade, como em "Filosofia", transmitindo a mensagem bem vinda aos preguiçosos que na hora de trabalhar devemos por as pernas pro ar porque ninguém é de ferro.
Obrigado por me transportar a esse passado distante e tão rico em sensações e emoções, há cerca de 60 anos atrás, quando, na casa de meu avô, o "Tenente da Catende", durante o Carnaval este fazia com que eu me fantasiasse de Carmem Miranda (com turbante, colares e maquiagem) e imitasse seus trejeitos para delícia dos presentes e desgosto de meu pai... Graças a você eu fiz hoje uma longa e prazeirosa viagem em busca do tempo perdido, quando era feliz e nem percebia o quanto." - PAULO AZEVEDO CHAVES




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E-mail enviado pelo poeta e crítico de arte
pernambucano Paulo Azevedo Chaves
(azevedo-chaves@uol.com.br) /
Recife, 23 de maio de 2011

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