DISCURSO POÉTICO, de Juareiz Correya




"todo poeta é um subversivo"
                  (Juareiz Correya)



subverto as manhãs com esta violência 
de tardes e noites inconsequentes 
escangalhando o dia sem contar as horas 
faço o tempo pelos ponteiros que perdi
e instituo o levante da minha decadência 
não troco a língua nem vendo o nome
decretando entregas e condenando recusas 
estandarte de ilusões rasgadas 
não canto hinos com estribilhos de amor 
por viver inseguro do tamanho de uma pátria 
eu me limito à nação que me chamo 
e a cada instante república nova proclamo 
contra o império da dor e do abandono
anistio vencedores elejo quem se derrota 
livro prisões dos horrores dos homens 
marcha nas ruas o exército da minha desordem
e eu abro portas com as mãos do regresso   


(Recife, 1982)



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Transcrito do livro AMERICANTO AMAR AMÉRICA
E OUTROS POEMAS DO SÉCULO 20,
de Juareiz Correya 
- Panamérica Nordestal, Recife, PE, 2010

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