NO MEU OFÍCIO OU FUNESTA ARTE, de Dylan Thomas




No meu ofício ou funesta arte 
Exercitado em noite calma 
Quando somente a lua assola 
E os amantes estão na cama
Com a tristeza nos seus braços,
Trabalho cantando baixinho
Não pelo pão nem pela ambição,
Ostentação, troca de encantos 
Sobre tablados de marfim
Mas pelo mais comum salário
Do mais secreto coração.  


Não pra esse orgulho a parte
Longe da irada lua escrevo
Sobre esta página ainda em branco
Não para os mortos que se empilham 
Com os seus rouxinóis e salmos 
Mas para amantes, com seus braços 
Em volta às tristezas da idade,
Que não dão prêmios nem salários 
Nem na minha arte ou ofício atentam.  


(Tradução de Laurênio Lima)


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Transcrito do livro CANTOS DA OUTRA AMÉRICA,
de Laurênio Lima - Edições Pirata, Recife, PE, 1988.


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