Ao morno céu de dezembro
a vida passa flotando
e o sol se oferta ao Recife
e às dunas da praia atlântica.
O calor inventa as nuvens
de alaranjados suores
sobe a fadiga às janelas
e dorme nos escritórios.
Há luzes nas avenidas,
nas praças, nos "sky signs",
doando seu triste às cores
que há no ritmo da tarde.
Telhados de tantos séculos,
céu veloz sobre a cidade,
todo o Recife incendiado
entre as chamas do Natal.
Velhas e tantas igrejas,
tantas pontes inventadas,
sobre as pontes, velozmente
passa a vida em disparada.
Soberbo perfil de touro,
burgo velho enfeudalado :
- eis Recife, um vasto império
por mocambos coroado.
(da antologia POESIA VIVA DO RECIFE,
organizada por Juareiz Correya)
_________________________________________________
CÉSAR LEAL - Nasceu em Saboeiro (CE). Jornalista, crítico
de poesia, professor de teoria literária (UFPE). Redator do
suplemento literário do Diario de Pernambuco. Membro da Academia
Pernambucana de Letras. Prêmios nacionais e internacionais
de poesia. Publicou mais de 10 livros de poesia e figura em
inúmeras antologias brasileiras.
Comentários