VITO, VITO, VITÓRIA !, poema do padre Reginaldo Veloso




No Ribeirão
da opressão
alguém de longe
vem ser irmão,
ser companheiro 
na escravidão,
na caminhada-
libertação.

Senhor-de-engenho,
dono de usina,
do lucro segue
a disciplina :
ganhar dinheiro
é sua sina,
só ambição
é sua rima...

No Ribeirão
da opressão
alguém proclama 
a redenção;
é perseguido,
contradição :
ser companheiro
dá expulsão.

Onze Juízes,
Um tribunal,
onze, o Supremo 
coito venal,
onze, a vergonha 
nacional,
pisam o Direito
celebram o mal.  

No Ribeirão
da opressão
é sexta-feira,
e da Paixão :
Crucificaram
de nós o Irmão,
o PAI DOS POBRES 
de Ribeirão.

Palha de cana
e sol a pino,
corta o facão 
desde menino;
desce o suor;
e o pelo fino
queimando a carne
explode o hino :

No Ribeirão
da opressão,
mais uma vez
vence a Paixão,
vence o Amor-
Encarnação,
que se fez CRUZ-
RESSURREIÇÃO !

Você se foi,
ficamos nós,
fica a semente 
da sua voz, 
ficamos juntos, 
não 'stamos sós;
se apagam um só
nascem mil sóis !



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Poema da canção composta pelo padre
Reginaldo Veloso, com a qual também ele 
foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
Transcrição do livro O CASO MIRACAPILLO
- Conflito entre o Estado e a Igreja no Brasil,
do padre Vito Miracapillo / tradução de José Duran y Duran 
- Nordestal Editora / Comunicarte, Recife, PE, 1985.
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