JOVENS, NÃO ENVELHEÇAM !







     Esta frase é uma resposta pronta, imediata, pronunciada diante de uma frase infeliz do jornalista, ficcionista e dramaturgo Nelson Rodrigues - "Jovens, envelheçam !" -, divulgada amplamente, ontem, dia do seu centenário de nascimento.  Virou até manchete do nosso tradicional Diário de Pernambuco. Uma pena, pois Nelson Rodrigues, grande escritor brasileiro nascido no Recife, é um notável frasista ( e nisto talvez só possa ser comparado, no Brasil,  a Millor Fernandes...)

     Não interessa o contexto, a frase é infeliz mesmo. Felizmente temos exemplos melhores e que não precisam exaltar (?) a velhice.  Na verdade, o que deve ser exaltado mesmo é a a juventude, como fez, de forma irretocável, o nosso Hermilo Borba Filho na entrevista concedida a Ricardo Noblat e publicada na revista Ele Ela (São Paulo, 1974) : Você acha essa geração de jovens uma geração feliz ? - "Não sei o que lhe diga. Esta pergunta deveria ser feita, numa pesquisa, aos próprios jovens.  A resposta somente pode ser dada por eles.  Eu não posso responder por eles, apenas procuro compreendê-los e amá-los... Acho a juventude a etapa lírica da vida, mesmo quando a juventude toma ácido e morre espatifada pelas Hondas. O que a juventude não aguenta é que ditemos normas  para ela. Está noutra jogada. Acho que nos cabe não combatê-los, mas tentar compreendê-los.  Estou me repetindo mas é muito importante que se meta isto na cabeça : compreender a todo custo. Só não se deve tentar compreender, sequer, o fanatismo, a intolerância, a opressão.  Mas a juventude ? Amá-la e deixá-la viver." 

     E também vale a pena evocar o poeta russo Vladimir Maiacovski em sua opinião sobre os clássicos e a "velhice" da literatura :
     "Nenhum clássico conserva para sempre o seu caráter de vanguarda. Estudai-os e amai-os na época em que viveram.  Mas que não venham com o seu enorme traseiro de bronze impedir a passagem aos jovens poetas..."

     Para encerrar, tendo ainda a literatura como mote, penso que cabe a nós, que já chegamos ao limiar da velhice (e seremos felizes se pudermos vivê-la plenamente, o que já é outra história), lembrar sempre, para não perder o prumo e não sair da linha, um distinto personagem do contista e romancista João Guimarães Rosa assim retratado : "Era velho, velhíssimo, velhaco."

                                                                                                      Juareiz Correya
                                                                                         (Recife, 24/agosto/2012)

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