VIAGENS GERAIS, de Celina de Holanda
(capa)
AS VIAGENS
Viajo pelos livros que faço,
mas sempre torno,
para escrevê-los
onde a vida
é uma menina pobre chorando
entre as moitas.
Trago-a de volta
ao seu colo, sua casa,
até que venha e me leve
o meu amado.
OS CONVOCADOS
Setenta vezes sete
ponho um perfume de rosas
no vestido
e vou à rua Sete de Setembro
onde Tarcísio
me convoca e ressuscita
(entre outros) Cardozo
Pena Filho
Mauro Mota e Renato
cuja vida troante
era um tropel, de repente
parando. Era
pôr a mão na parede
e senti-la vibrar.
Não se morre ante aqueles
que nos querem vivos
OS NEGÓCIOS
Li que Jesus
acompanhado por seus pobres,
entra no Templo,
liberta das pombas
vindas dos cedros de Hanan,
expulsa os vendilhões
e fere (no prestígio e na bolsa)
vinte mil sacerdotes
de Jerusalém.
Depois disso, foi preciso comprar
na mesma tarde
um traidor e uma cruz.
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Poemas transcritos do livro VIAGENS GERAIS,
de Celina de Holanda
(Companhia Editora de Pernambuco - CEPE /
Secretaria da Casa Civil /
Governo do Estado de Pernambuco,
Recife, PE, 2016)
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