VIAGENS GERAIS, de Celina de Holanda
(capa / ilustração de Reynaldo Fonseca)
"VIAGENS GERAIS reúne a poesia de Celina de Holanda Cavalcanti.
Toda a nossa vida - de poeta ou não - é uma longa viagem. As pausas que fazemos para as próximas andanças são o que chamamos de estações. Nelas preparamos as bagagens que iremos precisar no caminho. Claro, que esquecemos sempre algumas coisas importantes e necessárias. Nas viagens nos encontramos com outros eus que levamos, e que ora nos pesam, ora nos deixam leves, ora abrem portas para tesouros desconhecidos.
O poema na vida do poeta é uma viagem. Necessariamente não precisamos sair de casa ou do quarto. Imaginação tem asas, e quando elas se abrem para o voo encontram o seu impulso : a palavra. A CEPE acertou quando resolveu, através do seu presidente Ricardo Leitão, republicar a obra de Celina de Holanda, fazendo justiça a uma das mais fortes vozes da Literatura pernambucana, e que fez sua estreia em livro aos 55 anos de idade. Outros nomes de expressão da poesia brasileira, a exemplo de Joaquim Cardozo, lançou seu primeiro livro POEMAS, aos 50 anos; Cora Coralina fez sua estreia com POEMAS E BECOS DE GOIÁS aos 76.
Poderemos dizer que esses poetas estavam maturando o verso. Cedo ou tarde o poema se liberta. Não há tempo determinado nem ele anuncia quando vai chegar. Hibernando na memória, o verso constrói alicerces para enfrentar a ventania. Isso me faz lembrar uns versos de Manuel Bandeira : o vento varria tudo / a minha vida ficava cada vez mais cheia de tudo.
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No Engenho Ypiranga, em 1915, nasceu e viveu parte de sua infância, Celina de Holanda, filha de Sebastião Mendes de Holanda e Olímpia Mendes de Holanda. Na hora de dormir vinha o medo / de todos os ruídos / as sombras do candeeiro / pelas paredes subindo. Perdeu sua mãe aos seis anos de idade e foi morar com seus tios no Engenho Pantôrra. Por lá, tomou banho de rio, dançou no Pastorinho, subiu nas mangueiras e correu pelo laranjal. Na curva desse silêncio / tenho meu pai, meu irmão / tenho a laranja madura que a tirei verde no chão / tenho a manhã sem a noite de minha interrogação. Depois veio o Recife, onde estudou no internato do Colégio das Damas e no Colégio Santa Gertrudes.
Do seu casamento com o médico e primo Djalma Holanda Cavalcanti, em 1943, nasceram cinco filhos."
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Fragmentos iniciais da apresentação de José Mário Rodrigues,
especialmente para a edição do livro VIAGENS GERAIS,
de Celina de Holanda
(Companhia Editora de Pernambuco - CEPE / Secretaria
da Casa Civil / Governo do Estado de Pernambuco, Recife, 2016)
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