O QUÊ NEM "FREUD EXPLICA" DE GERALDO FREIRE - Texto de Gilson Oliveira







Livro do radialista pernambucano
Geraldo Freire 
(capa) 




          "Está clinicamente provado: soltar palavras mal-educadas de vez em quando faz bem à saúde".  A frase é atribuída ao psicólogo canadense Richard Stephens, mas poderia, muito bem, ter sido escrita ou falada por... Geraldo Freire.   

          Pintar e bordar com os palavrões e falar de sexo da forma mais apimentada tem sido, ao longo dos tempos, uma das marcas do radialista.  Mas, como acontece em relação aos escritores, ele foi aos poucos conquistando uma espécie de licença poética, ganhando liberdade para brincar à vontade com as palavras.   

         Isso talvez nem Freud explique, mas a verdade é que, ao invés de censurá-lo, o seu imenso público costuma reagir com frases do tipo : "Morro de rir com as coisas que você diz!" Talvez porque, além de saber usar o palavrão como potente recurso humorístico, Geraldo parece utilizá-lo com eficácia dentro do princípio de que, para uma topada, nada melhor do que uma porra bem dada !

          E, como no mundo de hoje, se tropeça a todo instante - desemprego, violência, corrupção etc., etc -, nada melhor do que se tornar cúmplice de quem diz uma coisinhas cabeludas de forma engraçada, tonificante, energizante... 

          O que se esperar, então, de um livro que narra a vida de Geraldo Freire e, ainda por cima, faz um amplo apanhado do que disseram a ele e do que ele andou dizendo através das notas da coluna Baião de Tudo, publicadas durante anos no Jornal do Commercio e hoje na revista Algomais

          Por incrença que parível, uma das coisas contidas no cardápio de O QUE EU DISSE E O QUE ME DISSERAM - A IMPROVÁVEL VIDA DE GERALDO FREIRE (escrito em parceria com Eugenio Jerônimo) é a emoção, pelas muitas odisseias que nosso herói, desde criança, viveu intensamente.   

          Um pouco frustrado por não ter se tornado um militante da cantoria - uma de suas paixões -, ele, no entanto, tornou-se uma espécie de repentista da vida, improvisando soluções para as mais desafinadas e pouco poéticas situações. Tornou-se também um repentista da palavra, compondo na hora suas frases de efeito que tanto repercutem e provocam grandes gargalhadas.   

          E o que não falta, nas páginas do Baião de Tudo, são traquinagens verbais (basta dizer que uma das coisas nelas contidas é a reprodução de um texto atribuído a Millor Fernandes e intitulado, simplesmente, "O direito ao palavrão"). 

           Baseadas na criatividade e experiências pessoais do radialista, e em muitas e longas pesquisas - pesquisar é uma das suas, digamos, taras -, as notas da coluna lembram um rico buffet, onde um sátiro, com vocação para mestre-cuca, colocou imensa quantidade de pratos, com os mais variados e inesperados sabores - e com direito a todo tipo de molho picante.   

          Como, num buffet, uma das melhores coisas é a liberdade proporcionada pelo self-service, vou, mais uma vez, degustar o danado do livro!     




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GILSON OLIVEIRA é jornalista, assessor de comunicação 
social da COMPANHIA EDITORA DE PERNAMBUCO - CEPE
e  membro do Clube do Riso de Pernambuco.  
          

                

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