ASCENSO, O NORDESTE
EM CARNE & OSSO
(capa, 2a edição, Recife - 2001 /
e reprodução da página inicial
do Capítulo 1)
"...........................................
Com o passar dos anos, o lugar perdeu o seu nome original, e a antiga rua dos Tocos, onde nasceu Ascenso (a casa não existe mais), na madrugada do dia 9 de maio de 1895, chama-se hoje rua Fausto Figueiredo. A Baixa-da-Égua era o lugar onde cresceram as atuais ruas da Aurora, Fausto Figueiredo, 13 de Maio, Rio, Nova atual Visconde do Rio Branco, e Praça da Luz. Em XENHENHÉM, seu último livro publicado, o poeta evoca esse lugar, descrevendo-o no poema "A Rua do Rio":
No começo da rua
Morava Agostinho - o aleijado -
A quem o povo acusava de alimentar-se de coisas imundas:
- Bichos mortos apanhados nos fundos dos quintais!
Fronteiro a ele morava o pedreiro Manuel Belo,
Que por ter sido mordido de cachorro da moléstia,
Quando falava com a gente avançava como um cão!
No meio da rua morava a celebérrima preta Inês.
Catimbozeira "afamanada"
Sempre às voltas com sapos e urubus!
Na outra ponta morava a mulata Filomena,
A quem um jacaré acuou dentro de um banheiro no rio,
E que saiu nuinha pela estrada afora,
Gritando: "Me acudam! Me acudam!"
Mas nem tudo na Rua do Rio,
Era infâmia, nojo, abominação!
........................................................................................
Na outra ponta da rua,
Bem nos fundos do quintal da casa da minha mãe,
Morava o fogueteiro Lulu Higino,
Que no silêncio das noites consteladas,
Arrancava da flauta uns acordes tão suaves,
Que até parecia serem as estrelas lá no céu
Que estavam tocando...
_______________________________________________________
Parte inicial (páginas 13 e 14) do capítulo (1) "Um palmarense
da Baixa-da-Égua", do livro ASCENSO, O NORDESTE EM
CARNE E OSSO (biografia), de Juareiz Correya
(Edições Bagaço / Nordestal Editora - Recife, PE, 2001)
Comentários