É MARCA FERRADA, DE PAULO DINIZ
(Contracapa do LP, com destaque
para as composições do lado B,
que registra "Bela Bela")
Residindo em um apartamento, na Rua Rocha, do bairro da Bela Vista, de São Paulo (SP), eu e Paulo Diniz criamos uma pequena sociedade - a Nordestal Produções Culturais -, responsável pela realização da CANTORIA DA MÚSICA NORDESTINA, em 1978, no Recife (PE), em parceria com a Globo Nordeste. Ele já havia lançado o LP Estradas (Emi-Odeon, Rio de Janeiro - RJ, 1976), que contou com a minha parceria em 5 composições, e preparava um novo disco... Ainda em 1978 ele viajou ao Rio, para gravar as canções já selecionadas, incluindo 4 composições da nossa parceria.
Há dois anos, desde o tempo em que nos encontramos no Recife e, viajamos a pé, da capital pernambucana ao Juazeiro do Norte (CE), Paulo Diniz não deixava de falar no livro Poema Sujo, de Ferreira Gullar. Já havia lido e relido o famoso poema-título e às vezes me criticava porque eu não me interessava pela publicação da volta de Ferreira Gullar ao Brasil. Nesse tempo da preparação do novo disco dele, eu acompanhava de perto as suas inquietações e a gente conversava a todo instante sobre o projeto do disco. E eu já estava lendo o Poema Sujo...
Assinalei um fragmento do longo poema e entreguei a Paulo Diniz como sugestão para uma possível canção. Ele se animou todo, criou a música, e deu um título distinto - BELA BELA - ao fragmento do Poema Sujo, de Ferreira Gullar; e assim a canção foi incluída no seu novo LP intitulado É Marca Ferrada (Emi-Odeon, Rio de Janeiro, RJ, 1978). Milton Nascimento, que entrava no mesmo estúdio da Emi-Odeon assim que Paulo Diniz concluía o trabalho de gravação do seu novo disco, criou outra melodia e gravou também, nesse tempo, no LP que estava produzindo, o mesmo fragmento (com o título da parceria de Paulo Diniz e Ferreira Gullar) do Poema Sujo...
(Texto do livro inédito PEQUENAS HISTÓRIAS REAIS)
Comentários