RECIFE, CAPITAL DA POESIA BRASILEIRA : Mais de 350 poetas eternizam a cidade

 






(Capas das antologias poéticas sobre o Recife 

lançadas em 1977, 1983 e 1996)  


Existe um  número superior a 350 poetas pernambucanos, nordestinos e de todas as regiões brasileiras,  que dedicaram e dedicam momentos das suas criações ao Recife há mais de 4 séculos.  Neste ano de 2023, o 486o. Aniversário da Cidade lembra, como afirmamos na apresentação da antologia POESIA VIVA DO RECIFE, publicada em 1996, que "por todo esse tempo o Recife tem iluminado a sensibilidade dos homens e das mulheres que nasceram nesta cidade, que para ela chegaram, e que por ela passaram".  

Orgulhosamente, o Recife tem sido conhecido como "capital da poesia brasileira". E não tem sido outra a sua vocação, porque de suas ruas, avenidas, praças, rios e pontes, de sua arquitetura e urbanismo maurícios, a Veneza Brasileira tem enriquecido a vida poética deste país com a presença de nomes brilhantes, de vozes altas que se perpetuam pela mais autêntica criação em nome da Poesia.  

Do Recife se projetaram os nomes de Bento Teixeira, onde escreveu o poema "Prosopopéia", Castro Alves (o baiano que imortalizou Eugênia Câmara no Teatro de Santa Isabel), Olegário Mariano, Adelmar Tavares, Manuel Bandeira (o São João Batista do Modernismo, na reverente expressão de Mário de Andrade), Ascenso Ferreira, João Cabral de Melo Neto, Solano  Trindade, Joaquim Cardozo, Carlos Pena Filho, Vicente do Rêgo Monteiro, Deolindo Tavares, Gilberto Freyre, Mauro Mota, Geraldino Brasil, Audálio Alves, Tomás Seixas, Celina de Holanda, Sebastião Vila Nova, Alberto da Cunha Melo, Marcus Accioly, Tereza Tenório, Olímpio Bonald Neto... Para o Recife chegaram Gregório de Matos, Tobias Barreto, Augusto dos Anjos, Oliveiros Litrento, Ledo Ivo, Ariano Suassuna, César Leal, Lucila Nogueira, Jaci Bezerra. E pelo Recife passaram Gonçalves Dias, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Ribeiro Couto, Ernani Sátiro, Domingos Carvalho da Silva, Homero Homem, Stela Leonardos, Zila Mamede, Olga Savary, José Alcides Pinto, Moacyr Félix, Thiago de Mello, Fernando Mendes Vianna, e tantos outros valores que, em suas terras, revisitaram o Recife e voltam-se ainda,R poeticamente, para esta cidade. 


Em 1977 foi lançada a primeira grande antologia temática sobre a Cidade do Recife, organizada pelo jornalista e historiador Luiz do Nascimento - O RECIFE PELA VOZ DOS POETAS (Prefeitura Municipal do Recife / Secretaria Municipal de Cultura / Conselho Municipal de Cultura - Recife,  PE). Reunindo 115 poetas, "velhos e novos dão-se as mãos nas comunicações poéticas a respeito do Recife, vida e costumes, estesia e sensibilidade, fazendo-lhes um retrato de tonalidades as mais várias, de tamanhos e contornos díspares, numa mistura de inteligências e talentos vivos e brilhantes", enfatiza a introdução do organizador da obra.  A antologia é iniciada com o poema de Bento Teixeira, "Descrição do Recife de Pernambuco", escrito no Recife na última década do ano de 1500, e tem o poema "Libertária", de Gildo Tavares (recifense, então com 40 anos de idade, autor do livro "Nuvem, Lama e Riso") encerrando o conjunto dos poemas apresentados nesse histórico livro recifense. 


Organizada pelo jornalista e ficcionista paraibano Edilberto Coutinho, a antologia PRESENÇA POÉTICA DO RECIFE (Livaria José Olympio Editora / Fundarpe / Governo de Pernambuco - Rio de Janeiro-RJ / Recife-PE, 1983) amplia o universo poético da cidade com a reunião de textos de 26 autores. Destacam-se, entre outros, os nomes de  Ascenso Ferreira, Augusto dos Anjos, Carlos Pena Filho, Gilberto Freyre, Joaquim Cardozo e João Cabral de Melo Neto. 


Em sua primeira edição, a antologia POESIA VIVA DO RECIFE (CEPE / Secretaria do Governo do Estado de Pernambuco, Recife - PE, 1996), que organizamos, reuniu "100 poetas que vivem, amam e eternizam a cidade". Na última década do século passado, a antologia reuniu poemas dedicados à cidade de poetas vivos, contemporâneos, desde a Geração 45 - Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, Waldemar Lopes -, vários da Geração 65 - Almir Castro Barros, Ângelo Monteiro, Celina de Holanda, Cyl Gallindo, Domingos Alexandre, José Mário Rodrigues, Marcus Accioly, Lucila Nogueira,  Tereza Tenório -, poetas publicados e inéditos lançados pelo projeto alternativo da Edições Pirata - Jaci Bezerra, Alberto da Cunha Melo, Arnaldo Tobias, Iran Gama, Júlia Lemos, Marcelo Mário Melo, Marcos Cordeiro, Maria de Lourdes Hortas,  Myriam Brindeiro, Olímpio Bonald Neto, Sérgio Bernardo, Severino Filgueira, Vernaide Wanderley - até os marginais, alternativos e independentes - Celso Mesquita, Clara Angélica, Danielli Romani, Francisco Espinhara, Fred Caminha, Jailson Marroquim, Jorge Lopes, Kátia Mesel, Lea Tereza Lopes,  - e os poetas, nessa época, ainda inéditos em livro - Antonio José do Nascimento, Carlos Lima, Dirceu Rabelo, Dóris Gibson, Fred Spencer, Gilson Oliveira, Inaldo Cavalcanti, Joaquim Cezário de Melo, José Torres Ferreira, Margarida Lucena da Hora, Maria Pereira de Albuquerque e Tereza Halliday. 

A antologia  POESIA VIVA DO RECIFE, revista e ampliada, será reeditada com a participação de mais 120  poetas dos dias de hoje, que serão somados aos 100 poetas já apresentados na primeira edição do livro realizada em 1996. Vamos trabalhar para que a nova edição desta antologia poética dedicada ao Recife - a Capital da Poesia Brasileira - seja presenteada para os recifenses antes da festa dos seus 490 anos. 


JUAREIZ CORREYA 

(Recife, março de 2023)

Comentários

Kátia disse…
Que dizer de toda essa sagaz análise feita poema?
É um registro-grito de indignação e chamamento à razão. Nem são precisas extensas matérias de jornais. Está aí: cabe toda uma verdade mostrada aos descarados canalhas "senhores das guerras". O Poeta sabe e diz óbvio o que a geopolítica intricada confunde e mascara.